segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Pais e Filhos (parte I)

Aos pais e aos filhos que serão pais no futuro.
Muito já foi dito sobre a relação entre pais e filhos, mas o tema não se esgota. É a relação de maior importância após a relação primordial, que é a do homem com a mulher, onde se origina o ambiente amoroso que permitirá o desenvolvimento do novo Ser.  É nessa relação parental que estruturamos o futuro da humanidade.
Não é uma relação simples e longe está da perfeição. É uma relação dinâmica onde o construir/desconstruir se sucedem progressivamente até que os pimpolhos estejam aptos a fazer seus próprios vôos e os pais dispostos a passarem para os bastidores do palco da vida.  Grande parte dela ainda se dá inconscientemente. Bom seria que tivéssemos um manual de funcionamento, como não o temos, a saída é lidar com a questão ocupando o lugar de gente que evolui. Algumas dicas podem nos ajudar nessa caminhada.
Vamos tentar dar uma ordem de prioridades:

1. Criando o ambiente saudável para a família
Esse não é um ambiente como qualquer outro, é um ambiente invisível resultado das interações entre o homem e a mulher que se amam e querem ser pais. É nesse ambiente que irá se desenvolver a nova criaturinha.

Os papéis são diferentes para o homem e a mulher na vida do casal.
O homem (ativo) é o principal responsável pela proteção do lar, assegurando as condições de segurança da família (espaço, alimentos, limites). Dizemos que ele  representa a ordem ou a lei.
A mulher (passivo) é a principal responsável pelo bem estar no lar, a ela cabe prioritariamente, a organização dos elementos que o seu parceiro dispôs e o acompanhamento da educação dos filhos.

Para que isso funcione de uma maneira harmoniosa e flexível, sem que um se torne pedra que aperta no sapato do outro, é necessário que cada um invista em seu próprio autoconhecimento, buscando aprender mais sobre seus potenciais, carências, sentimentos e emoções, a fim de descobrir a forma como se posiciona no mundo, desfazendo ilusões e criando possibilidades de correções daquilo que foi desvirtuado no desenvolvimento de si mesmo.

2. Recebendo o novo membro da família
A nova criatura vai chegar mexendo com a estrutura familiar instalada. Ela precisa ocupar o seu espaço na família, cabe aos pais cederem a parte que precisa para o seu desenvolvimento.
Não dá para levar a mesma vida de antes. O bebê tem necessidades regulares que precisam ser atendidas quer os pais estejam dispostos, quer não. É um tempo de nutrição. O que deve ser feito carinhosa e pontualmente, quando solicitado por ele. Nessa fase, o contato corpo a corpo é fundamental. Alimenta-lo com calor, afeto e carinho. Procurar entender as suas necessidades e não deixar que as dos pais o atrapalhem. À mãe, cabe esse contato mais estreito com a sua cria; ao pai, a provisão das condições ambientais de proteção a mãe, para que esta possa realizar suas funções com o mínimo de desconforto. O olhar sobre esse novo ser vai desempenhar uma função importante na formação da nova personalidade; é espelhando o que se passa com o ele que pais vão possibilitando a constituição de uma personalidade independente, única e confiante.
Importante saber que nessa fase os pais sofrem de um processo de regressão que pode variar de leve a moderado, principalmente, se em suas histórias, esta foi uma fase de muitas faltas. Daí a importância do processo de autoconhecimento, e, quando necessário, o acompanhamento de um psicoterapeuta.
O principal serviço dos pais é favorecer o desabrochar do “Ser” em formação sabendo que tudo o que ele será já está ali potencialmente, necessitando apenas de cuidados para diminuir os impactos do ambiente/mundo. É nessa fase que, falhas graves no sistema familiar associadas a heranças genéticas, vão gerar as condições de instalação de transtornos mentais mais severos.